Crédito à habitação volta a acelerar. O que está a mudar no mercado?

O crédito à habitação tem vindo a registar uma trajetória histórica, com os dados mais recentes do Banco de Portugal a confirmar um crescimento continuo ao longo dos últimos 21 meses e a carteira a ultrapassar os 108 mil milhões de euros.

O ritmo de crédito para aquisição de casa concedido ao longo dos últimos dois anos resulta, em grande medida, da descida gradual das taxas Euribor, aumento do rendimento disponível e recuperação gradual do poder de compra dos portugueses, ao qual acresce o impacto das medidas públicas de incentivo direcionadas aos jovens com idade até aos 35 anos.  

Vivemos atualmente num clima de maior confiança, mas o período de taxas de juro elevadas, que provocaram dificuldades a muitas famílias, deixou marcas na sociedade e originou uma maior preocupação na procura das soluções de financiamento. 

Ao longo dos últimos anos, a evolução do mercado obrigou muitos consumidores a procurar as melhores soluções de crédito disponíveis em cada momento, tendo os intermediários de crédito, envolvidos em mais de metade dos novos contratos de crédito habitação, um papel fundamental no suporte às decisões, agora mais informadas e mais conscientes.

Novas soluções 

A diversificação das soluções de financiamento que as instituições bancárias têm vindo a desenvolver é outro dos fatores decisivos para esta tendência. O mercado português, tradicionalmente centrado na taxa variável, adotou soluções de taxa mista ajustadas ao sentimento e ao perfil de risco de cada cliente, sendo para isso necessário uma avaliação do mercado constante e um acompanhamento ao cliente verdadeiramente personalizado. 

Paralelamente, a centralização dos processos de decisão e a digitalização dos processos bancários tornaram o acesso ao crédito mais transparente e mais rápido, que a par do aconselhamento especializado, permitiu reforçar a confiança na decisão e adequar o nível de serviço à exigência do mercado atual. 

Um fenómeno europeu

A aceleração do crédito à habitação não é exclusiva de Portugal. Em vários países europeus, a relativa estabilidade da política monetária do Banco Central Europeu e a perceção de que as taxas de juros estabilizaram contribuíram para estimular o regresso das famílias ao mercado.

Francisco Ferreira Lima, CEO Maxfinance Portugal 

Publicado na Vida Económica